A Inclusão de Deficientes nas Famílias, Empresas e Sociedade
Por Helena Ribeiro
Tenho um irmão com Síndrome de Down, o Claudinei Ribeiro. Ele teve um desenvolvimento pessoal muito apoiado pela minha família, em especial pelos meus pais (in memoriam) e meus 11 irmãos, que fizemos e continuamos fazendo de tudo para que ele sempre se sinta incluso em qualquer lugar ou situação. Nesta fase ele frequentou o Instituto ITARD, que contribuiu muito para a socialização dele fora do ambiente familiar.
Tivemos muitas dificuldades, mas nunca faltou amor e união para superarmos os desafios e preconceitos.
Quando adulto em meados de 1989, ele foi desenvolver o lado profissional. Confesso que não foi nada fácil, nem para ele, nem para a família. Infelizmente na época não tínhamos a cultura da inclusão, aceitação e respeito aos deficientes. Porém, não podíamos desistir e contamos com o maravilhoso apoio que a APAE oferece.
Foram uns 10 anos,
Onde ele trabalhou em várias empresas, entre elas: 3M, Transportadora Americana, FM Import, Padaria da APAE, Cemitério da Saudade, Hospital da Pucc com atuação externa. Além, de vários trabalhos que os alunos realizavam internamente quando não estavam alocados em alguma empresa.
Na época eu era Executiva de uma grande empresa e o levava comigo em todos os eventos que eu tinha a oportunidade, inclusive ele frequentava a filial que eu gerenciava em datas comemorativas com a minha equipe. Esta convivência foi ótima para o desenvolvimento e pela paixão dele pelo mundo corporativo. Eu era sua mentora profissional e acompanhava de perto o seu desenvolvimento. Foram anos de muito aprendizados, momentos de alegrias e tristezas, pois nem sempre conseguíamos vencer os preconceitos e tínhamos que administrar os momentos de altos e baixos. Principalmente, pela falta de habilidade das empresas e colegas de trabalho em atuar com a inclusão além das cotas.
Além de trabalhar
Ele começou a estudar a noite na escola no sistema A.E.E (atendimento educacional especializado) e participava de um projeto de inclusão social na PUCC Campinas. Ele tinha aulas de informática e dança, que eram realizadas aos sábados. Em paralelo, os acompanhantes dos alunos tinham aulas de artesanatos, enquanto esperavam. Momentos também de contatos com outras famílias, desabafos e apoios emocionais. Afinal, tinham pais ou parentes que ainda não aceitavam ter um filho ou alguém da família com Síndrome de Down, entre outras deficiências.
Graças a Deus e ao amor da minha família, o Claudinei é uma pessoa muito independente e não tem medo de aprender coisas novas!
O momento mais “global” na vida dele foi a participação no Filme Os Colegas. Ele passou nos testes e foi figurante. Depois vieram os ensaios e gravações, e por fim, recebeu o seu cachê. Depois veio a pré-estreia onde assistimos com Ator Lima Duarte. Foi um momento muita alegria e até hoje ele se lembra dos detalhes das cenas etc. Como acompanhei tudo, posso dizer que foi mágico este momento na vida dele.
Tema para TCC
Inclusive, a História dele foi tema de um TCC da Vânia Coldibelli, aluna da Unicamp, que estava cursando graduação em Pedagogia e também fazendo uma disciplina especial de “Didática Especial de Inclusão”. O objetivo era apoiar os professores em como lidar com a diversidade nas escolas. Foi maravilhoso este trabalho, pois filmamos as ações dele por um mês e editamos um filme lindo.
Depois o treinamos para o dia da apresentação, fizemos simulações, ensaios etc. Estavam presentes 15 professores e a bancada. O case dele foi um show, todos ficaram emocionados e muitos chorando. Estávamos comovidos com tudo que ele estava expondo, e principalmente, da maneira profissional com que falava, parecia um palestrante renomado ante uma plateia de empresários. Quando ele abriu para perguntas, foi aí que fechou com chave de ouro.
Com tantos fatos e preconceitos, resolvi inscrever a história dele em um concurso da Revista VOCÊ. S.A em 2003, no quadro “A marca chamada você”. O tema foi, Um Irmão Especial, que ficou entre as 10 melhores histórias que mereceram destaque pela sua importância na inclusão social. Inclusive, o jornalista Cássio Henrique Utiyama veio entrevistá-lo, e foi também um show.
O Claudinei é uma pessoa feliz, cheio de luz e amor incondicional!
Ele não quis mais trabalhar quando meu pai faleceu, e disse: “agora me tornei o homem da casa e preciso cuidar da minha mãe, que não pode mais ficar sozinha”. De imediato minha mãe o apoiou, pois, mesmo querendo o melhor para ele, no fundo ela não concordava de ele trabalhar. Ela achava muito cansativo ele acordar muito cedo, andar de ônibus sozinho, estudar a noite etc. Aceitava porque ele gostava de fazer tudo aquilo, mas para ela sempre foi um sofrimento.
A atitude dele em querer cuidar da minha mãe foi um lindo gesto de amor e de exemplo para muitos. Infelizmente minha mãe também se foi e hoje ele mora com uma das minhas irmãs. Fizemos novas adaptações e aos finais de semana estamos sempre nos reunindo. Afinal, ele continua sendo o principal elo dos encontros em família.
Eu e minha família temos orgulho por ele fazer parte das nossas vidas e nós da dele. Afinal, deixarmos uma marca na diversidade não é fácil para os familiares, para as empresas e nem para a sociedade. Portanto, podemos nos unir mais para que juntos possamos abraçar mais causas como esta, e escrevermos outras histórias.
E porque esta história aqui no site da Razão Humana?
Eu fundei a Razão Humana Consultoria em 2001 e sempre tive vontade de expandir nossa atuação e incluir trabalhos de consultoria voltados para apoiar as empresas em projetos de inclusão social. Afinal, eles vão muito além da obrigatoriedade de cotas. Porém, só o meu conhecimento seria insuficiente, precisava de uma motivação maior… aquele “empurrão”! Hauuu, e veio de alguém muito audacioso, que lançou um livro, cujo título me chamou muito atenção: ACREDITE! VOCÊ PODE!!!, do escritor e palestrante Ari Protázio.
ACREDITE! VOCÊ PODE!
Grande Ari! Ele é pianista, tecladista, cantor, técnico de áudio em seu próprio estúdio de gravação, é youtuber, palestrante e consultor de acessibilidade. E por fim, ele é cego, de nascença.
Nos conhecemos em 2018 e me tornei sua fã. Assisto seus vídeos, o acompanho nas redes sociais e estamos sempre em contato.
Em janeiro de 2019, o convidei para uma reunião na Razão Humana, contei minhas experiências com a diversidade e do desejo de ampliarmos os serviços da Razão Humana para atuarmos com consultoria nesta área de diversidade e acessibilidade. E só o faria, se ele aceitasse o convite para compor o quadro, em especial, apoiar na coordenação dos projetos. Além dele atuar como palestrante, é claro. Afinal, a capacidade de ele ENXERGAR as soluções para os problemas da inclusão social, vai muito além da nossa capacidade de VER as soluções.
Convite aceito! E juntos com a equipe da Razão Humana Consultoria nós passamos a oferecer palestras, consultoria de acessibilidade e treinamentos, todos customizados para as necessidades de cada empresa.
Entre em contato conosco (19) 99117 7089 ou preencha o nosso formulário na página de contato e agende uma reunião para conhecer o Ari Protázio e as nossas soluções.
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